TAÇA BRASIL SUB-15/2011

TAÇA BRASIL SUB-15/2011
MUITO OBRIGADO OBRIGADO A TODOS!!!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O TREINADOR

Ser treinador vai muito além de orientar a equipe seja nos treinos ou nos jogos, vai muito além das vitórias e das derrotas, ser treinador vai muito além do que muitos imaginam.
O jogo não permite erros e ao treinador só cabe a parte ruim que é a derrota, nas vitórias são bestiais e nas derrotas uma besta.

Ser treinador é ficar longe da família, é deixar de ver os amigos nos finais de semana, é ser criticado mesmo quando esta certo. Ser treinador é perder madrugadas tentando encontrar a melhor maneira para jogar contra o próximo adversário, assistir a vídeos, montar treinos,ler artigos é estar sempre em busca de novidades e da constante evolução que esse esporte exige.

Essa talvez seja a profissão mais complexa que possa existir, afinal, todos os brasileiros são treinadores, até em casa ouvimos conselhos, esposa, pai, filhos todos sem exceção conhecem do jogo, todos sabem a melhor maneira de jogar, a escalação perfeita ou aquela substituição que iria modificar o panorama do jogo.

O treinador de verdade não trabalha com suposições, o treinador de verdade tem fascínio pelo que faz, planejar a forma como sua equipe deve jogar é um prazer, ver e fazer o atleta evoluir deve ser uma obsessão, imaginar como será o próximo jogo é viajar em um mundo só seu, o que poderia ter feito para evitar a derrota , já pensando em como conseguir a vitória na próxima partida é algo inexplicável
.
Lembro que ano passado (2011) logo após conquistarmos a Taça brasil sub-15, todos foram comemorar , inclusive eu, mas enquanto todos os integrantes da nossa delegação permaneceram comemorando, eu voltei a meu quarto para planejar a semana de treino, já que iríamos enfrentar a forte equipe do Fluminense já no final de semana seguinte. Não podemos ficar lamentando a derrota, da mesma forma que não devemos super-valorizar uma vitória, nessa profissão alegria e tristeza,elogios e críticas andam lado a lado.

Existe treinador ideal?
Seria utopia descrever algum treinador como ideal, são inúmeros perfis de profissionais e é óbvio que vamos simpatizar mais ou menos com alguns profissionais e isso vai de acordo com o conhecimento do esporte por parte de quem esta analisando. Muitas das vezes o treinador ideal é aquele que coloca determinado jogador para atuar (geralmente análise de pai) ou o profissional que conquista títulos (análise do empregador), enfim existem treinadores que face as circunstâncias e as respectivas necessidades de intervenção se fazem mais ou menos conhecedor do jogo, mas treinador ideal não existe.

Cabe ao treinador criar uma relação de confiança e respeito, fazendo o atleta acreditar naquilo que esta sendo passado. E quanto mais o atleta consegue colocar em prática tudo o que foi treinado,mais confiança ele obtém do treinador e dessa forma acaba por estabelecer um clima de confiabilidade mútua. O bom rendimento do atleta está diretamente relacionado ao grau de confiança passado e recebido pelo treinador nos jogos ou treinos.

Vejo muitos treinadores preocupados em ser O CARA, treinador de verdade não tem essa preocupação, o treinador de verdade esse sim, está mais ligado em ministrar bons treinos,estar realmente preocupado com a evolução constante do atleta é o que importa.
Enquanto estivermos possuídos pelo egoísmo, estaremos longe de sermos um bom treinador. Pensar na evolução constante do atleta e da sua equipe deve ser o foco principal.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

NÃO É FÁCIL SER TREINADOR

Nos dias de hoje, não é fácil ser treinador. Exige saber estar e conseguir aglutinar ao seu redor um
significativo número de especialistas, Fig. 1. 


 




Conforme se pode verificar na Fig. 1, desde a equipa técnica que o apoia mais directamente, aos
dirigentes que administrativamente enquadram a sua acção, o treinador requer saber estender a sua
área de influência muito para além das técnicas e das tácticas. Especialistas vários, adeptos, órgãos de
comunicação, patrocinadores, etc. Todos a solicitarem ao treinador atenção e preocupação para com
as suas tarefas e responsabilidades. Retornos de informação que melhor os elucidem acerca da
importância dos seus contributos.

A imagem pública do que é ser treinador, não está, de facto, na correspondência da importância do
seu desempenho sócio desportivo.

Por questões de índole cultural, (secundarização de tudo o que diga respeito ao corpo e ao movimento,com inerente sobrevalorização do espírito e do intelectual), nem sempre os treinadores têm conseguido obstar a que a sociedade os dimensione como cidadãos de "segunda categoria".

No entanto as conclusões de estudos diversos e a observação da própria realidade desportiva nos dias
de hoje, demonstram cabalmente que, ao contrário dessa tese pouco abonatória da pessoa e do
profissional treinador, as características pessoais dos treinadores não diferem da dos professores, dos
homens de negócios, etc. e a sua actuação profissional não tem a ver com aspectos pessoais, mas sim
com o enquadramento sócio desportivo em que decorre a sua actividade.

O nosso desempenho profissional, apresenta de facto, relativamente às restantes profissões, uma
enorme diferença, expressa pela constante exposição pública, pelas exigências permanentes de
resultados positivos, pelo carácter imprevisível da competição desportiva e os as difíceis interacções
relacionais com atletas, árbitros, jornalistas, dirigentes, etc.

Os dirigentes esperam de nós resultados. Os atletas pedem-nos compreensão para as suas
necessidades de afirmação. Os jornalistas exigem-nos atenção e disponibilidade permanente. Os
adeptos pretendem ser ouvidos e adulam ou antagonizam o nosso trabalho ao sabor das vitórias ou
derrotas. Os patrocinadores não resistem a associar o poder do seu dinheiro à possibilidade de
mandarem em tudo e em todos. Numa diversificada pressão que acaba, quase sempre, por influenciar
de modo marcante a nossa acção.

É por isso que ser treinador, exige conhecimentos e requer experiências que ultrapassam as aquisições de uma carreira de atleta.

Um excelente atleta, nem sempre terá a garantia de possuir capacidade para ensinar e, muito menos,
a de ser capaz de criar climas de trabalho próprios para a aprendizagem ou o treino.
A experiência do atleta, é importante, mas, para ser treinador, para além da lógica do jogo e dos seus
elementos, torna-se fundamental que domine a lógica pedagógica do seu ensino.

A função de treinador implica a tomada de decisões, organizadas com base em indicadores e segundo
critérios que obedecem a uma certa ordem e em diferentes domínios. Organização do treino,
liderança, estilo e formas de comunicação com os jogadores, dirigentes, árbitros, jornalistas, etc.,
opções estratégicas e tácticas decorrentes da observação e análise do jogo, gestão das pressões
contidas na competição, controle da capacidade de concentração e emoções, etc.

Para além dos imprescindíveis conhecimentos técnico tácticos e da possível capacidade de demonstrar correctamente as técnicas, ser treinador exige um conhecimento multidisciplinar e o desenvolvimento de um conjunto de habilidades próprias no âmbito das competências de ensino.
Mesmo quando a qualidade do candidato a treinador, revelam uma informação e formação acima da
média, ele tem de ser capaz de provocar, através da sua acção, o interesse e motivação dos que
aprendem e treinam, pois não há progresso nem êxitos possíveis sem a participação motivada dos
atletas.

 A profissão de treinador, tem de ser exercida de modo estimulante para a autonomia futura dos
atletas sob a sua responsabilidade, acreditando nas capacidades daqueles que fazem parte do seu
grupo de trabalho e devolvendo-lhes competências.

Cada treinador, deve actuar de acordo com as suas características e limitações, sem nunca esquecer a
responsabilidade que lhe está atribuída quanto à formação social e emocional dos atletas com quem
trabalha e à melhoria gradual destes, no âmbito dos conhecimentos relativos à modalidade a que se
dedicam.

Os resultados provenientes da intervenção do treinador, têm profundos reflexos sociais pela influência educativa, (ou deseducativa!), que exercem nos jovens e nos adultos, quer sejam praticantes ou adeptos.

Logicamente, não existem treinadores ideias, tipo super-homem de banda desenhada, "que sabe tudo"
e "nada o perturba", "homem sem defeitos" e comportamentos sociais e desportivos sempre
irrepreensivelmente modelares. Tais modelos não passam de produtos imaginários, criados e
alimentados por enquadramentos sócio desportivos alienatórios da realidade.

O treinador ideal, nem mesmo no domínio da utopia poderá ser descrito, não existindo um perfil único de treinador mas sim uma série infindável deles, consoante as circunstancias e suas respectivas
necessidades de intervenção.

Várias foram, até á data, as investigações cujas conclusões comprovaram que o treinador é um ser humano sujeito aos problemas e dificuldades de qualquer cidadão.

Ao treinador dos dias de hoje, exige-se-lhe um desempenho, onde, mais do que actuar de modo
autoritário, ele veja a sua autoridade reconhecida, conhecendo-se a si próprio e às necessidades de
realização, auto estima e segurança social que, como qualquer outro cidadão, norteiam a sua
actividade.

Desenvolvendo a sua acção com o objectivo natural de ter sucesso, (realização), "gostando de si
próprio", (auto estima), necessitando, para isso, de pertencer a um grupo profissional socialmente
dignificado.

 Ao Treinador é exigido ser capaz de inspirar CONFIANÇA.

O que é que isso significa?

Saber ser COMPETENTE, (saber da modalidade, claro!), mas também e acima de tudo entender a
importância da área comportamental. Temos de ser verdadeiros especialistas na arte de observar (de
modo selectivo) as reacções comportamentais dos jogadores. As suas atitudes e comportamentos ao
serviço da equipa. E, acima de tudo, termos a percepção que não os podemos enganar.
HONESTO nas palavras, (não mentir!), COERENTE nas acções, (WALK THE TALK), PREOCUPADO COM OS OUTROS. Só somos de facto treinadores quando nos desprendemos do nosso ego, nos libertamos do nosso umbigo.

Ser um BOM TREINADOR, não é a questão central que deve preocupar o treinador. Mas sim que os
jogadores com quem trabalha sejam bons e as equipas que treina, ganhem.

Enquanto pensarmos mais em nós e nos nossos interesse e afirmação pessoal, que nos jogadores, não
somos tão bons treinadores assim.Melhorar as competências dos jogadores é a nossa grande
responsabilidade e esse deve ser o nosso objectivo principal. Respeitando as diferenças entre o
significado de ganhar no Alto Rendimento desportivo ou no processo de formação de jogadores.

Que Modelo de Jogador devem os treinadores buscar?

Não basta que sejam excelentes atletas de um ponto de vista físico e atlético. Necessitam revelar
capacidades de persistência, serem resistentes à frustração, à dor, ao erro, à fadiga, etc. Ambiciosos e
com sentido de carreira, saberem onde querem chegar, quais os objectivos que perseguem.

 Tal como aliás o definiu John Wooden em devido tempo.

Altos? A que ALTURA (ambição) PRETENDEM JOGAR!

Fortes? Com que AGRESSIVIDADE MENTAL são capazes de treinar e jogar!

Rápidos? Com que rapidez de TOMAM DECISÕES e conseguem “ler o jogo” e antecipar as respostas necessárias.

O treinador tem de ser UM COMUNICADOR.

Possuir empatia quanto baste para conseguir através do seu processo de comunicação com os outros,
motivá-los, conduzi-los a uma superação constante.
Mais importante que aquilo que sabemos, é o que somos capazes de ensinar através da comunicação
que estabelecemos com aqueles com quem trabalhamos.
Sem nunca esquecer as palavras sábias de Harvey Thomas, especialista de comunicação. “Se tu
disseste e eles não te ouviram, foi porque tu não disseste”. É preciso garantir a compreensão daquilo
que se diz. Saber ouvir. Utilizar mesmo por vezes o silêncio como forma de comunicar.

“Se a palavra que vais dizer não é mais bela que o silêncio, não a digas” parábola oriental. A psico
linguística do silêncio é tão rica como a da linguagem. Em todos os momentos que envolvem
comunicação, a infinita variedade de silêncios revela-se plena de sentido.

O silêncio é de ouro, porque é verdadeira força activa.

Tal como a comunicação via linguagem corporal.

Deve o treinador tratar todos por igual?

“Fair, but not equal” dizem a esse propósito alguns treinadores norte americanos. Tratar todos com justiça, mas nunca todos por igual. E a razão é simples. Como tratar todos por igual, se uns se empenham e servem a equipa, são cumpridores das regras colectivas e se preocupam com os companheiros e outros não?

Tem que haver uma distinção e um reconhecimento daqueles que mais o merecem, comparativamente
aos que procuram sistematicamente sobrepor os seus interesses individuais aos colectivos.
Autoridade reconhecida mais que imposta.
Disciplina assumida por parte dos jogadores, apelar à sua participação e responsabilização. Envolver
os jogadores com os objectivos colectivos, compatibilizar as naturais ambições e expectativas
individuais de cada um, com o interesse colectivo.

Incentivar a criatividade, lutar contra o medo de errar

Cumpre ao treinador incentivar a criatividade dos jogadores, dar-lhes espaço para errarem e
reflectirem sobre os erros que cometem. Melhorar as suas competências por via de um aprender a
fazer, fazendo. Nunca esquecendo que ser criativo não pode representar perda de eficácia, ou
desrespeito pelos princípios e regras que devem nortear a vida colectiva das equipas.
Criatividade é acima de tudo ser capaz de inovar, mantendo a eficácia necessária para que hajam resultados e o rendimento esperado.


Fonte: www.planetabasket.pt
Jorge Araujo


sexta-feira, 6 de julho de 2012


A velha questão: cobrança x formação.



Se envolva na formação de uma criança e terá uma responsabilidade muito maior que conquistas, salários e/ou cobranças. Não é direito nosso interferir no ''brincar'' de um jovem atleta. É nosso dever mostrar o melhor caminho para o amadurecimento das suas capacidades técnicas e psicológicas. Não nos é de direito (e isso muitos não entendem) agredir verbalmente uma criança que muitas vezes nem sabe por quê está dentro do ''campo de guerra'', bem como também não nos é de direito vetar as ''pedaladas'', ''os chapéus'' e todo o resto do repertório que eles veem na TV. É nosso dever controlar o ego, apontar o certo e o errado, fazê-lo entender sua importância no trabalho em equipe e, consequentemente, em um esquema tático (que não deve retrair liberdade e a complexidade dos mais criativos). É nosso dever mostrar que a cobrança que se tem por um título não está na frente da cobrança que se tem por um bom aprendizado escolar, por palavras educadas e por gentilezas. Mas nunca, nunca mesmo, ignorar e abdicar da criação de um instinto vencedor e ''guerreiro'', afinal, assim como não nos esperaram, não os esperarão para o primeiro vestibular, as finais, as decisões da vida.
Aquele jovem que recebe mais que eu, que você, e que toda sua família junta, não tem culpa das etapas da vida que estará pulando, esteja ao seu lado.
Formem, eduquem, vençam.

Extraído do blog Futsal Global.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

ENTREVISTA REALIZADA COM RICARDO LUCENA -TÉCNICO
CAMPEÃO DA LIGA NACIONAL DE FUTSAL

Wilton Carlos de Santana, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná -
Brasil
Ricardo Lucena foi um dos mais renomados técnicos de futsal do Brasil de todos os
tempos. Carioca, nascido em 26/08/54, ex-jogador da modalidade, formado em
Educação Física, dirigiu equipes profissionais entre os anos de 1978 e 2008. Nesse
tempo, somou diversos títulos estaduais e metropolitanos nos estados do Rio Grande do
Sul, São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco e Rio de Janeiro. Fez duas finais
consecutivas da Liga Futsal, saindo-se vencedor em 2000, quando dirigiu o C. R. Vasco
da Gama (RJ), liderando um time de craques, dentre os quais, Manoel Tobias. Com isso,
entrou para um seleto grupo de seis técnicos que venceram essa competição, a principal
do país, desde 1996. Além da quadra, atuou, por anos, como docente em cursos de
extensão e de especialização (lato sensu). Seu livro “Futsal e a iniciação” publicado pela
editora Sprint em 1994, se constitui, ainda hoje, em uma referência obrigatória para os
leitores da área. Lucena faleceu, precocemente, em meados de dezembro de 2007. Esta
entrevista, realizada nessa época, em função do meu doutoramento, expressa parte da
sua visão sobre aspectos estratégico-táticos do jogo de futsal.

1. Lucena, em sua opinião, quais seriam, em linhas gerais, as características mais
marcantes do jogo de futsal atual?

Eu entendo que, dentro do processo evolutivo do desporto, eu falo isso com propriedade
porque, talvez, pela minha idade, pelo meu tempo de atuação, a gente possa ter
acompanhado todo esse processo, a tendência maior do futsal moderno, hoje, é força e
velocidade. O conceitual de técnica fica muito embutido dentro desses fatores
condicionantes, quer dizer, a técnica plástica, a técnica artística, que, teoricamente,
encanta o público, ela é interpretada, hoje, de uma forma diferente. A gente tem alguns
exemplos aí desse jogo plástico, na figura do maior jogador da modernidade, que é o
Falcão, que encanta a tantos. Mas no futsal competitivo, a maior competência é quem
tem a vontade, quem tem a boa movimentação, quem tem a boa recepção, boa
finalização e muita condição orgânica para agüentar a puxada de um calendário
exaustivo e poder jogar com plenitude. Então acho que esse é o perfil da modernidade.

2. As características que você mencionou, isto é, a maneira como você percebe o
jogo de futsal como um todo, tem influenciado a sua maneira de treinar a equipe?

Sem dúvida, eu acho que nós temos que estar ali atentos a essa necessidade e ajustar os
métodos de treinamento em função das solicitações que a competição te impõe. Senão
você vai estar em desacordo com a necessidade premente, que é o ajuste dos valores
físicos, técnicos e até mesmo estruturais de jogo, ao que o momento te impõe.

3. Para qual dos aspectos tradicionais do treino (físico, técnico, tático e psicológico)
você mais tem se dedicado?

Olha, nesses últimos tempos, com a questão da multidisciplinariedade dos recursos
humanos, estrutura competitiva, o meu foco tem sido mais para a parte técnica e tática.
Então a gente tem distribuído muito essas funções. Eu tenho como linha de atuação
fortalecer o componente técnico, que eu acho que é o aporte necessário para a parte
estrutural do jogo em relação ao sistema, às manobras, não é verdade? Então eu acho
que para você poder ter uma qualidade de jogo efetiva, se faz necessário que você tenha
um componente técnico de sustentação, que dê força ao teu jogo coletivo.

4. Você poderia narrar um tipo de atividade que, habitualmente, aplica para
treinar esses aspectos técnico-táticos?

Bom, teoricamente eu tenho como sustentação a metodologia que eu aprendi com o
convívio no basquete. Eu me considero um privilegiado de poder, ao longo da minha
existência, já em 1982, ter dividido com o Ari Vidal o espaço de trabalho e, numa
ordem de valor, depois com Miguel Ângelo da Luz, depois com Hélio Rubens, depois
com a Maria Helena, com a Heleninha. E eu trago muito da metodologia do basquete
para o futsal. Isso sempre foi desde o início da minha prática profissional. E eu procuro
dimensionar o meu trabalho em relação às solicitações prementes do jogo. O que
acontece no jogo? Então a dinâmica do meu trabalho está sempre voltada para quê? As
ações de ataque combinando com contra-ataque, combinando com a defesa,
combinando com as superioridades e inferioridades numéricas. Então eu não tenho
aquela cultura do joguinho recreativo para se construir trabalho; joguinho educativo. Eu
trabalho dentro da intensidade, da necessidade do jogo. Essa tem sido a minha
metodologia e eu tenho ficado satisfeito com ela.

5. Para um autor português chamado Júlio Garganta, o principal aspecto do treino
em esportes coletivos é, exatamente, a dimensão cognitiva, isto é, a dimensão que
traduz a capacidade de o jogador analisar/ler o jogo e tomar decisões inteligentes.
Você compartilha dessa idéia?

Não tenha dúvida! Eu acho que para jogar um jogo de alto rendimento, onde a leitura de
movimentação faz-se necessária, você não pode botar o atleta só para reproduzir
movimento. Ele tem que, em cima dessa reprodução de movimento, ter uma visão
crítica, em que ele possa ali estar atento à parte estrutural e, dentro dessa cultura
coletiva, ele poder ter autonomia de decidir o momento de passe, o momento de um
chute, o momento de uma ação de ataque. Isso tudo é o quê? É a cognição que a gente
exercita nessa metodologia. Até porque os meus treinos eles são sempre focados no
quê? No raciocínio lógico, no raciocínio do jogo, na posição que o jogo impera. Então
eu acho que para minha estrutura de jogo apregoada, o jogador, se não tiver uma
cognição elevada, um intelecto aguçado, ele vai ter dificuldade de jogar comigo. Porque
o tempo todo eu estou solicitando que ele jogue e pense. Porque eu costumo, eu tenho
uma fala que diz o seguinte: “Jogar é fácil, todos jogam. Jogar e pensar, poucos”. Daí as
diferenças entre as competências.

6. Lucena: é possível dar liberdade para o jogador num jogo estratégico como o de
futsal?

Sem dúvida! Eu acho que a maior competência de um treinador, de um técnico, é que
ele possa colocar à disposição do coletivo a competência técnica de um atleta e que, ao
mesmo tempo, esse atleta possa ter autonomia para, em um momento íntimo dele no
jogo, ele possa decidir o que fazer. A estratégia, a estrutura de jogo melhor dizendo, a
padronização de movimento, ela é um elemento facilitador para que a técnica possa
fluir. Eu não quero um jogador gessado. Eu não quero um jogador dependente das
minhas intervenções para que ele possa desenvolver as suas potencialidades. Eu quero,
sim, que ele possa ser cúmplice meu em um planejamento coletivo de jogo. A minha
função é o quê? Operacionalizar todas as competências coletivas, individuais a serviço
do coletivo. Então eu acho que a maior alquimia do treinador é isso. Ele poder tirar o
melhor do jogador, dando-lhe possibilidade de jogar dentro de uma estrutura racional,
para que ele possa ter autonomia de decisão.

7. Você diria que treina sua equipe para obedecer e para criar?

Não tenha dúvida! Eu acho que nem seria o termo obedecer. Porque o termo obedecer,
ele te coloca na condição de submissão. Que eles possam pensar coletivamente como eu
penso. Aí eu aponto para a filosofia de jogo, que não seriam nem as jogadas e as
manobras. Eu acho que mais difícil para um treinador é ele passar para o jogador a sua
forma de ver o jogo, a sua forma de pensar o jogo. E que esses jogadores possam o quê
Atuar dentro desse conceitual filosófico. E as manobras elas são exatamente o quê?
Reprodução comportamental coletiva, não é verdade? Agora, qual o melhor momento
de acioná-la? Qual o melhor momento de criar um ataque? Qual o melhor momento de
optar se eu passo, se eu chuto? Isso aí é autonomia do jogador.

8. Quais qualidades lhe chamam a atenção num jogador de futsal?

Aí, sem dúvida alguma, eu acho que, acima de tudo, o comprometimento. A maior
qualidade de um atleta é ele estar comprometido com a causa. Porque muitas vezes
você, no universo da coletividade, você tem os comprometidos e os envolvidos. O
comprometido é aquele que abraça a tua idéia, se dedica ao trabalho. Ele, realmente, se
doa a todo um processo de preparação em busca de um objetivo o quê? Comum. O
envolvido não, ele vai estar ali, vai estar participando desse processo todo e tanto faz
para ele ter sucesso ou não. Ele está da mesma forma. Então eu acho que a maior
competência, hoje, para que a gente possa diferenciar o “bom do bom” é o
comprometimento. Porque na medida em que ele está comprometido, ele vai se dedicar
a todo o processo de preparação e, uma vez se dedicando a esse processo de preparação,
consequentemente, a gente vai poder observar o quê? A evolução dele dentro dessa
linha, dessa filosofia de trabalho.

9. Do ponto de vista tático, quais qualidades lhe chamam atenção num jogador?

Bom, aí é uma questão de interpretar a tática. Dentro da minha leitura, eu tenho a
abrangência da tática em que ela te dá três níveis: estrutural, tática de competição e a
tática específica. A estrutura envolve o quê? Toda a infra-estrutura na qual eu vou
desenvolver o meu planejamento, meu projeto. A de competição está ligada ao quê? Ao
calendário em que eu vou atuar durante uma temporada. Então, muitas vezes, a equipe
de ponta é extremamente sobrecarregada com mini-competições, principalmente se é
uma equipe de investimento. E a tática específica envolve o quê? As nuances do jogo.
Então, no que diz respeito às nuances do jogo, envolvendo o quê? Sistemas, manobras,
as estratégias específicas para uma partida; as estratégias específicas para um momento
do jogo. Esse, realmente, é um grande diferencial! Você estar preparado para essas
questões.

10. Sabe-se que o jogador de futsal atua, hoje, a maior parte do tempo sem a bola.
Isso, de alguma forma, influencia a sua maneira de treinar a equipe?

Não tenha dúvida! Até porque eu acho que no jogo de futsal, em função do grande
desempenho físico com o advento da modernidade, os recursos ergogênicos, os meios
de preparação, a competência cada vez mais da figura dos preparadores físicos, dão um
condicionamento orgânico absurdo a esses jogadores. A ciência disponível a essa linha
de preparação. Então, consequentemente, o espaço ficou pequeno. Então, para a posse
de bola ter eficiência é muito mais importante o apoio à posse do que propriamente a
posse. Então, eu acho que quem joga sem bola, hoje, anda muito mais do que quem
anda com a bola. Porque quem anda sem a bola, quem joga sem a bola, tem que estar
sempre o quê? Na posição de servir, de apoiar. Então, é muito importante essa
consciência de quem faz apoio ao passe, de estar sempre disponibilizando o quê? A sua
aproximação para servir a quem tem a posse. E com isso evitar o quê? O contato direto
das linhas de defesa.

11. No futsal de hoje, quem mais tem chance de sucesso: o jogador especialista ou o
versátil?

Seria o generalista; o generalista. Teoricamente, a tendência do jogo é você, cada vez
mais, necessitar das posições de base. Na medida em que você cria um generalista, ele
consegue executar bem uma função de pivô, executar bem uma função de ala, executar
bem uma função de fixo... Porque, teoricamente, dentro dessas posições de base – eu
qualifico como posições de base – nós podemos ter, lá, várias nuances. Eu posso ter um
fixo de antecipação; eu posso ter um fixo de apoio; eu posso ter um fixo de marcação;
eu posso ter um ala de armação; eu posso ter um ala de aproximação; eu posso ter um
ala de finalização; eu posso ter um pivô de referência; um pivô de distribuição; um pivô
de definição. Então, é importante que esse atleta possa ter, pelo menos, três
competências diferenciadas. Isso é um pouco difícil! Um cara que reúna todas essas
competências, por todas essas posições. Essa é a grande verdade. Agora, na medida em
que você trabalha de forma coletiva, eu procuro, na minha dinâmica, não me ater muito
a essa posição “O beque é beque, o ala é ala...”. Eu facilito o quê? Que todos possam
experimentar diferentes posições e, dentro desse experimento, tentar chegar o mais
próximo possível dessas competências de ser finalizador, de ser de aproximação, de ser
defensivo. Então, essa é a leitura do generalista. Embora isso requeira o quê? Um tempo
de exercício. Porque, tecnicamente, todos são competentes. A questão é só de ajustar
aonde? Aos referenciais de espaço.

Extraído do blog www.pedagogiadofutsal.com.br

segunda-feira, 14 de maio de 2012

JOGO DE SUSTENTAÇÃO TÁTICA

QUEM TOCA SAI DE QUADRA



 MATERIAL 1 BOLA E 8 COLATES 



O JOGO 4X4 

DEVEMOS COLOCAR UM ATLETA DE CADA EQUIPE DO LADO DE FORA DA QUADRA TODA VEZ QUE UM ATLETA TOCAR A BOLA , DEVERÁ SAIR DE QUADRA, PODENDOSAIR POR QUALQUER CANTO DA QUADRA (DEFESA OU ATAQUE) E  O ATLETA QUEESTIVER DO LADO DE FORA TAMBÉM PODERÁ ENTRAR TANTO PELA DEFESA QUANTO PELO ATAQUE..



 OBJETIVO:

TRABALHAR COBERTURA DOS GOLEIROS
CRIAR SITUAÇÕES DE SUPERIORIDADE NUMÉRICA
 PRIORIZA O PASSE PARA FRENTE
JOGO REQUER MUITA CONCENTRAÇÃO



quarta-feira, 9 de maio de 2012

Há muito não assisto uma partida de futebol completa pela televisão. Recordo que na última copa do mundo (2010) cochilei durante todo o primeiro tempo do jogo Brasil e Holanda. Ir ao estádio? Não lembro. Acho que foi a estreia do Romário no Fluminense em 2001 ou 2002. O futebol tornou-se chato, ou melhor, tornaram o futebol chato. A culpa foi a derrota da seleção brasileira em 1982, disso não tenho a menor dúvida. Não entendo como conduziram o futebol a esse marasmo e a previsibilidade, ao lugar comum. Fui um atleta mediano, esforçado e responsável, fui atleta de futebol e futsal dos 7 aos 25 anos, convivi com todos os tipos de treinadores/ técnicos, preparadores físicos, dirigentes, fisioterapeutas, médicos, psicólogos e outros. É muito triste a mesmice, a caretice do futebol. Essa tristeza começa lá nas divisões de base dos clubes. Não se forma mais atletas, forma-se jogador de futebol ou corredor atrás da bola. Vejo garotos de 12, 13, 16 anos em uma arrogância maquiavélica, não há mais craques. Há bons jogadores que se consideram craques. Os pais viajam junto nesse devaneio. Sonhar é permitido, iludir é proibido. Tenho vontade de citar alguns "corredores atrás de bola", todavia a ética não permite tão leviandade. Não entendo não comemorar gol contra o ex clube. Não entendo fazer um belo gol e xingar a própria torcida ( o ápice da arrogância). Não entendo que durante uma má atuação o jogador que marca um gol sai correndo batendo a mão no peito gritando aos altos pulmões para própria torcida:- sou fod...! Não entendo não gostar de treinar. Não entendo ser preguiçoso, não entendo a empáfia de alguns treinadores após as derrotas. Não entendo porque ficar tão revoltado ( o treinador) quando o time vencedor pede tempo faltando 5 segundos para acabar a partida( futsal). Não entendo ver o adversário como inimigo. Não entendo o jogador que não sabe dar um passe e dominar a bola, e mesmo assim não esforça-se em aprender ou melhorar esses fundamentos. Não entendo administração apaixonada, paixão é para o torcedor. Não entendo o fim do futebol arte. Que saudade de ver o Zico, Junior, Maradona, Platini, Leandro, Zidane e Romário nas tardes de domingo. Pelé, Rivelino, Garrincha e Tostão esses infelizmente não os vi jogar. Hoje qualquer Zé Goiaba é craque, mago, maestro e assim vai... As coletivas pós jogos são, com raríssimas exceções, galhofas. Perguntas mal formuladas e respostas desconexas. A mesmice de sempre. Se você ouvir a resposta de 40 anos atrás do saudoso Aymoré Moreira é a mesma dos técnicos atuais. Voltei assistir futebol por causa do Neymar. E tenho esperança que daqui uns 10 anos o futebol voltará a ser gostoso de se ver. O Mauricio Souza ( treinador da base do Botafogo) e o Zé Ricardo Mannarino são a esperança de lucidez e beleza futuras. Desejo que eles tenham sorte em seu caminho, porque para ter sucesso é necessário começar bem. As pessoas não tem paciência. Quanto aos atletas em formação que lerem essa baboseira que escrevi, desejo que entendam que jogar futebol é um presente da vida. Que escutem e treine mais. Que seus pais tenham a real noção que o dom de jogar futebol é imanente. Não deixem contagiar pelos apelos de mídia e falso sucesso. Estudar também é o caminho, conhecimento não ocupa espaço e abre horizontes. Hoje minha filha( 4 anos) me desenhou, observei algo parecido com ninho em cima da minha cabeça. Perguntei o que era “aquele cabelo”, ela respondeu prontamente: é o cabelo do Neymar! Ainda bem. Imaginem se fosse outros cabelos de pseudo-craques que tem por aí? Texto de Paulo Alxandre Sousa Azevedo Fisioterapeuta da Casa de Espanha/Botafogo

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Contra-ataque: A ´´transição´´ para a vitória

Estudos realizados por Silva & Costa (2004) e SIlva et al. (2005) mostraram que o contra-ataque é uma das fases do jogo de futsal mais eficientes . Esses estudos compararam ações de ataque, contra-ataque e bolas paradas em campeonatos brasileiros e mundiais das categorias de base (sub-15, sub-17 e sub-20). Mas o que isso quer dizer??? Que essa fase do jogo foi responsável pelo maior numero de gols assinalados nas competições analisadas. E pode se inferir sim (aqui com um percepção subjetiva, embasada em alguns estudos que comprovam esses fatos), que o maior numero de gols nos jogos de futsal acontecem em vantagens numericas (porém, o contra-ataque não depende de vantagem numerica, mas sim de um desequilibrio da defesa adversária). Então pode-se concluir que essa fase do jogo é a mais importante???? Acredito que não, o jogo de futsal é muito complexo para podermos hierarquizar fases dele. Pois, para se contra-atacar é preciso ter uma defesa equilibrada e agressiva que vá desarmar e gerar possibilidades dessa transição ofensiva. Para contra-atacar o ataque deve ser consistente e consciente para que propicie o menos possível essa situação para o adversário. Portanto, é impossível isolar as situações do jogo. Agora é possível sim, condicionar sua equipe a ser eficiente nessa situação e em contrapartida também minimizar as problabilidades de tomar um gol nessa fase do jogo. Você tem claro, ou os seus jogadores têm claro como eles devem se comportar nessa situação? Treinar 2x1, 3x2 ou 4x3 não é suficiente para que condicione um time a decidir jogos nesse tipo de transição ofensiva. Esse tipo de treino situacional (de estruturas funcionais) é aleatório demais para que algo se torne algo coletivo, sistematizado!! Além disso, para que o treino de contra-ataque seja efetivo é necessário uma pressão de tempo, seja a do relógio ou do próprio retorno do adversário (o que as equipes qualificadas obviamente realizam). Quando se defende um contra-ataque o goleiro atuará de que forma? O defensores fecham a ala, meio, sobem, descem???? É importante elaborar princípios nos quais o treinador acredite serem fundamentais para que essa situação cumpra o objetivo dela, que é na pior das hipoteses finalizar ao gol adversário. E além disso, planejar exercícios que concretizem o que foi estabelecido. E ai, quando se contra-ataca conduz a bola, ou passa a bola, ou depende? Muitos treinadores acreditam que seja importante fixar o marcador adversário para que essa vantagem se torne ainda maior, mas e quando se joga contra uma defesa na qual o homem mais próximo da bola ´´estoura´´ o contra-ataque. O que fazer? Outros treinadores acreditam que o passe em velocidade seja fundamental para o contra-ataque. Mas e se esse passe colocar a defesa em equilíbrio, impedindo que a vantagem numérica seja gerada, ou seja, uma possibilidade 3x2 se torna um 2x2. Não sou defensor de verdades absolutas, mas a forma escolhida deve ser transferida para os atletas, para que o goleiro e defensores atuem todos pensando da mesma forma, e que ao se ´´desenhar um contra-ataqe cada um saiba para onde ir, e que possibilidades de decisão possuem, o que naturalmente diminuirá as chances de dar errado. Outro exemplo da importância dessa coletividade se chama Retorno defensivo. AHHHH!!!!!! Mas isso é simples, é só correr pra trás!!!! De forma alguma! Correr só para trás não é suficiente, deve-se correr para trás com qualidade. Retornar por retornar ainda sim dá possibilidade do adversário concluir a situação. Agora correr de forma organizada, de forma coletiva, sincronizando o retorno com a ´´temporização´´ (os espanhóis usam esse termo) dos defensores pode fazer muita diferença. O contra-ataque pode sim, trazer muitas vitórias, mas contra-atacar requer além de correr, tomar as decisões certas, dentro daquilo que foi estabelecido pelo modelo adotado…. Ziquinho (Frederico Falconi) www.trajetoriadabola@blogspot.com.br

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Transcrevo abaixo, na íntegra, um ótimo texto da “Folha de S. Paulo”, em “Ilustríssima”, sobre o perfil de Pep Guardiola, técnico do Barcelona. Esmero e obsessão Como Pep se tornou Guardiola
Especiais de domingo Pepe Guardiola ALEXANDRE GONZALEZ TRADUÇÃO SOPHIE BERNARD ILUSTRAÇÃO MARCELO COMPARINI RESUMO Símbolo do Barcelona por uma década, Josep Guardiola pendurou as chuteiras em 2006 com o projeto de ser treinador. Ao contrário da maioria dos ex-jogadores que trilham esse caminho, foi estudar e buscar as lições de seus mentores. Propondo um futebol mais de razão que de resultados, Pep já conquistou 13 dos 16 títulos que disputou como técnico do Barça. “Meu pai diz que preciso me reconverter. Pergunta o que quero fazer da vida. Não sei o que dizer; talvez que não vá fazer nada. Mas ele insiste, quer que eu me mexa, para não passar a imagem de preguiçoso. Mas, pai, talvez eu não faça nada mesmo da vida…” Em 2 de agosto de 2006, Josep Guardiola deu uma de suas últimas entrevistas. Poucas semanas antes, ainda jogava no desconhecido Dorados de Sinaloa, time mexicano cujo nome soa mais como uma franquia de beisebol de segunda divisão do que como um clube de futebol profissional. O fim de carreira do meia catalão não foi à sua altura e, em suas palavras, sua reconversão também não parece lá muito bem encaminhada. Mas, atrás do discurso depressivo, o que Guardiola não diz é que passou o verão em Madri. E que sabe exatamente para onde vai. DIPLOMA O mês de julho de 2006 é intenso para o ex-capitão do Barça. Todo dia, ele vai até o subúrbio de La Rosas, rumo à Ciudad del Fútbol, na capital da Espanha. Lá, acompanha aulas com assiduidade, preparando-se para se diplomar treinador. O aluno é aplicado e talentoso. “A escola nacional de futebol espanhola não tem ranking de classificação para os diplomados, mas posso dizer tranquilamente que Guardiola estava entre os três melhores da classe”, lembra Oscar Callejo, secretário da escola. Com o diploma em mãos, Guardiola não se dá por satisfeito. Para completar a formação, aconselha-se com treinadores que admira. “Ele ligou para mim e para um monte de outros treinadores. Hoje parece coisa de doido: ligar para falar de jogo, analisar, descascar. Ele tem uma sede insaciável de debater. Eu sabia quando começavam as conversas com ele, mas nunca quando iam terminar”, diz o técnico argentino Angel Cappa. Ex-adjunto de César Luis Menotti e depois de Jorge Valdano no Real Madrid, treinador do Huracan e do River Plate -foi quem descobriu Javier Pastore-, Cappa foi para a casa de Guardiola em Barcelona no final de 2006. “Não sei se ele já pensava em ser treinador, mas para mim era óbvio. É raro um jogador querer tanto colocar um jogo numa mesa de dissecação.” LA VOLPE Obsessivo e perfeccionista, Pep lista os técnicos com quem os quais gostaria de conversar. O primeiro é um argentino de bigode ameaçador, desconhecido na Europa, Ricardo La Volpe. Na Copa do Mundo de 2006, Guardiola escreveu no jornal “El País”, e suas análises dos jogos e reflexões sobre futebol deixaram muita gente desconcertada. Só uma seleção agrada ao catalão. Não é a Alemanha de Jürgen Klinsmann, nem a Itália de Marcello Lippi, mas o México de La Volpe. Ele escreveu: “Johan Cruyff dizia: o mais importante no futebol é que os melhores jogadores sejam os zagueiros. Se você sai com a bola, consegue jogar; se não, não faz nada. Johan diz que a bola equilibra um time. Se perde a bola, o time se desequilibra; se perde pouco, consegue manter o equilíbrio. La Volpe decidiu que sua defesa saísse jogando, e não que começasse jogando, o que é diferente. “Para La Volpe, começar a jogar é tocar a bola entre os zagueiros, sem maiores intenções. Mas La Volpe os obriga a fazer outra coisa. Ele os obriga a sair jogando, obriga os jogadores e a bola a avançarem juntos e ao mesmo tempo. Soube que, nos treinos, La Volpe pede aos zagueiros que corram com a bola por 30 minutos sem parar. Se alguém faz um passe errado, se o campo não é usado em toda a sua extensão, se um passe não é dado para o goleiro como manda o jogo, ele pede para recomeçar do zero. “Ele corrige, grita, e tudo recomeça. Uma vez, depois outra. Cem vezes, se for preciso. E ver seu México jogar é fantástico.” Nem mais nem menos do que uma declaração de amor. Mesmo que isso não agrade a Guardiola e ao seu romantismo, La Volpe foi demitido após ser eliminado nas oitavas de final, apesar de os mexicanos terem dominado a Argentina durante todo o jogo; o futebol só vive de vitórias. Pouco acostumado a falar com a imprensa, La Volpe declarou: “Sei que Guardiola mencionou meu nome várias vezes, dizendo que fui um dos que mais o influenciaram. Talvez se inspirasse em mim nas triangulações ao chegar à área adversária. E disseram que dedicou a mim a Liga dos Campeões de 2009 [Barcelona 2 x 0 Manchester United], mas ele nunca me disse isso. “Acho que seguimos o mesmo caminho. Gostamos de tomar a iniciativa do jogo, que o jogador assuma a responsabilidade de conduzi-lo. É assim que se faz bom futebol. Ele faz isso e ainda vence. Alguns de nós foram criticados por tentar e não vencer, é a regra do jogo”. La Volpe seria demitido do Boca Juniors (2006), do Vélez Sarsfield (2007), do Monterrey (2008) e da seleção da Costa Rica (2011). Apaixonado pelo método argentino, como mostram suas relações com Cappa e La Volpe, por fim Guardiola atravessa o Atlântico. Aproveitou uma viagem a trabalho de seu amigo David Tureba, cineasta e escritor, para voar a Buenos Aires. Era outubro de 2006. ARGENTINA Na capital argentina, Pep deixou sua bagagem num hotel do bairro de Palermo. A primeira visita que fez não foi a um treinador, mas a um nerd louro, um Mark Zuckerberg argentino, de cabelo comprido. Matias Manna é o criador do blog Paradigma Guardiola (paradigmaguardiola.blogspot.com). Ele analisa, com vídeos, pausas e reflexões perspicazes, o futebol de Pep. “Desde 2005, vou decifrando a maneira de pensar e as convicções futebolísticas de Guardiola”, diz Manna. Ele conta como começou sua amizade com o atual treinador do Barcelona: “Eu o contatei por e-mail e ele respondeu. Sempre se mostrou aberto. Um dia, disse que estava vindo à Argentina e propôs um encontro. Passamos um dia juntos. Falamos muito de futebol. “Dei a ele o livro ‘Lo Suficientemente Loco’, uma biografia de Marcelo Bielsa. Ele me agradeceu e foi deixar as malas no quarto. Quando desceu, minutos depois, citou quatro ou cinco conceitos de jogo que estavam no livro. Isto é: no elevador, voltando do quarto, já tinha entendido a essência.” No dia seguinte, Guardiola decidiu assistir a um River-Boca, no Monumental de Nuñez. Seu ex-colega no Dorados Angel “Matute” Morales, conseguiu um ingresso para ele. Pep se misturou à multidão e, na fila para entrar, foi parado por seguranças. “Não o reconheceram”, conta Morales. “Foi revistado como qualquer um, mas não disse uma palavra, não protestou.” Seu caminho o levou a César Luis Menotti, técnico campeão do mundo em 1978 e técnico do “seu” Barça na temporada 1983-84. Como um velho sábio, Menotti recebeu aquele que, por enquanto, era só um jovem aposentado do futebol. O encontro aconteceu num restaurante do bairro de Belgrano, em meio a uma nuvem de fumaça de cigarro e cheiro de uísque. “Quando Pep me procurou, algo já o distinguia: ele tinha ideias claras. Não chegou como outros, que queriam que eu desse o caminho, como se fosse o Messias. Ele já sabia. Então disse a ele: ‘Quer ser treinador? Não tenha dúvidas, vá fundo. Seja treinador, e assim as críticas serão mais bem divididas, não vão mais ser só para mim’.” Guardiola deixou-se seduzir e também tranquilizar pelo discurso radical do mentor de Maradona. O terceiro e último encontro irá confortá-lo ainda mais na sua decisão. EREMITA Maximo Paz, província de Santa Fe. Josep Guardiola marcou um encontro com o eremita do futebol argentino, “el loco” Marcelo Bielsa. Então afastado do futebol desde 2004, Bielsa vivia confinado em casa, sem dar sinais de vida. Guardiola conseguiu o encontro graças a Lorenzo Buenaventura, seu treinador pessoal quando jogava na Itália e ex-adjunto de Luis Bonini, o braço direito de Bielsa. Hoje, Buenaventura é o preparador físico do Barcelona. A fascinação de Guardiola por Bielsa data da Copa do Mundo asiática de 2002, quando “el loco” treinava a seleção argentina. Na época, Guardiola declarou: “Para mim, o time mais interessante do torneio é a Argentina, mesmo que não tenha passado da primeira fase. Jogou muito bem, apesar de vivermos num mundo onde, se você ganha, é bom, mesmo que não tenha ficado com a bola; e, se você perde, não importa se tentou, se teve a bola, se o time estava organizado e se tinha apostado no 3-4-3, como Bielsa fez. Você perde e é um fiasco. Vejo isso de outra forma.” Por 12 horas, em volta de um “asado” (churrasco argentino), os dois conversaram, assistiram a trechos de jogos, debateram, brigaram, se reconciliaram e recomeçaram. Um tema, ou melhor, um homem os une acima de tudo: Louis van Gaal. O técnico holandês é o único europeu que Bielsa já tomou como exemplo: “O modelo estrangeiro que mais me agrada é o do Ajax de Van Gaal. Ele tem um time flexível para compor suas linhas conforme as exigências do adversário na hora de recuperar a bola. O que interessa é que o time tenha um projeto de jogo próprio nos momentos ofensivos. Calculei que o Ajax dava uma média de 37 passes para trás. O torcedor via isso como recusa a jogar, mas esse passe para trás era o início de um novo ataque.” No seu livro “Mi Gente, Mi Fútbol” (2001), Guardiola diz o mesmo de seu treinador: “Poucos times me seduziram tanto quanto o do Ajax de Van Gaal, com sua facilidade para criar o jogo da defesa, a velocidade dos jogadores das laterais e seu modo de passar a bola. Aquele Ajax conseguia resolver de maneira fantástica todos os ‘um contra um’ de um jogo. No ataque e na defesa. Assumiam todos os riscos que um time pode correr. “Aquele Ajax tinha algo que me surpreendia, espantava, maravilhava. A disciplina do posicionamento. A posse de bola como ideia de base. O jogo constantemente sustentado. Os movimentos de dois toques… E eles faziam isso de forma tão simples quanto sublime. O Ajax de Van Gaal dava aulas de futebol aos que conheciam perfeitamente o jogo.” ‘SANGUE’ Nutrido pelo futebol total de Johan Cruyff, Guardiola consegue, acima de tudo, aplicar maravilhosamente bem os preceitos de Bielsa. “Procuro ocupar as laterais, porque a maioria das situações perigosas vem delas. O contrário significa centralizar o jogo. Qualquer estudo revela que 50% dos gols finalizados vêm das laterais. Se um treinador quer que o time domine o jogo, deve posicionar no mínimo dois jogadores por setor. Nunca posiciono os jogadores com o intuito de atacar usando o contra-ataque. “Para mim, trata-se, antes de mais nada, de uma questão de posse de bola. Se der para ficar com ela, por que devolvê-la? Não preparo um time para esperar. Um grande time não é condicionado pelo rival. O fundamental é ocupar direito o campo, ter um time curto, com uma linha de defesa e uma de ataque separadas por no máximo 25 metros, e que nenhum zagueiro esteja ocupado marcando um adversário que não existe.” Tocado pela sinceridade quase ingênua de Guardiola, Bielsa perguntou: “Você, que conhece toda a sujeira do mundo do futebol, o alto grau de desonestidade de certas pessoas, por que quer tanto voltar e treinar jogadores? Gosta tanto desse sangue?”. Guardiola respondeu: “Preciso desse sangue”. O fato é que o catalão vai usar outro método de Bielsa, o de não entregar nada à imprensa. Recluso no seu silêncio há mais de uma década, o argentino havia justificado assim sua vontade de não falar: “Por que eu deveria dar entrevista a um jornalista poderoso e negá-la a um repórter do interior? Por que deveria participar de um programa que tem picos de audiência toda vez que apareço e não me deslocar até uma pequeno rádio local? Qual a lógica? Meu interesse?”. Guardiola se apoderou da fórmula. Depois de virar treinador do Barça, não deu mais nenhuma entrevista individual. Só vai às coletivas obrigatórias do clube. JOGO BONITO Pep voltou à Espanha está seguro de si como nunca. Dias depois de deixar a Argentina, em 22 de outubro de 2006, declarou ao jornal “Marca”: “Por que não poderíamos ter treinadores que defendam o jogo bonito? Converso com muitos treinadores: ‘Como é esse jogador? Como faz aquele?’. Mas não tem receita. No futebol, ganha-se com estilos muito diferentes. Precisamos fazer as coisas como as sentimos. É a partir da bola que se constrói um time.” Em 2006, Josep Guardiola tinha 35 anos, tinha ideias, mas continuava desempregado. “Seu” clube, embora fosse campeão europeu, estava desabando. Contagiado pela suficiência, o Barça de Frank Rijkaard vivia suas últimas horas de glória. Txiki Begiristain, diretor esportivo do Barcelona e braço direito de Joan Laporta, logo foi consultado por alguns dirigentes, sabendo das intenções de Guardiola. Begiristain então decidiu, para que seu ex-colega se acostumasse, confiar a ele a direção da categoria de base e dar a Luís Enrique o Barça B. Desapontado, mas leal a seu clube de sempre, Pep aceitou. Só pediu um último encontro com Begiristain. “Pep me falou sobre sua vontade de treinar. Entendi que era o momento dele”, diz o ex-diretor dos esportes do Barça. Em 21 de junho de 2007, seis meses depois da viagem à Argentina, Guardiola foi nomeado treinador do Barça B, que estava na terceira divisão do campeonato espanhol. Munido de princípios e teorias, foi confrontado pela primeira vez com a realidade da vida de treinador. Alertado por amigos sobre as dificuldades das divisões inferiores, o primeiro trabalho do técnico “blau-grana” (azul e grená) consistiu na seleção de um grupo. Ele tinha poucos dias para reduzir o número de jogadores de 50 a 23, destruindo o sonho de vários. As primeiras dúvidas surgiram logo no primeiro jogo, que acabou… em derrota. Guardiola se empenhou, construiu um time no qual um certo Sergio Busquets se impôs no meio do campo; no qual, na ponta direita, Pedro Rodriguez oferecia seu jogo feito de percussões. Dois meses após o início do campeonato, Guardiola resumiu: “Ser treinador é fascinante. É por isso que os treinadores acham tão difícil parar. O trabalho traz uma sensação permanente de excitação, de que o cérebro gira o tempo todo a cem por hora. Começar na terceira divisão me tornará um treinador melhor, se um dia eu ocupar o banco de um profissional. Hoje sou melhor que dois meses atrás. “Nunca tinha sido confrontado com 25 caras esperando que eu dissesse algo. Hoje posso ficar tranquilo na frente deles. Antes, no intervalo, não sabia o que dizer.” NÚMERO UM Guardiola sabia as palavras certas, seu time venceu o campeonato e o Barça B subiu para a segunda divisão. Ao mesmo tempo, no andar de cima, Rijkaard deixou escapar para o Real, pela segunda vez seguida, uma liga que estava na mão. Laporta entendia que o holandês não tinha mais autoridade sobre um grupo dominado pelos egos de Ronaldinho Gaúcho e Samuel Eto’o. Começou então uma disputa de poder nos bastidores do Camp Nou entre os conselheiros do presidente. Laporta conta: “Minha ideia era que Johan [Cruyff] treinasse o time, tendo Pep como adjunto, e que, na temporada seguinte, ele virasse o número um. Johan não disse nada. Eu o conheço, sei que toma decisões rápido. Por fim, ele me disse que deveríamos nomear Pep logo. Txiki concordava: ‘Guardiola está pronto para ser treinador do primeiro time’. Propus essa solução numa reunião. Alguns eram a favor, outros queriam Mourinho. Falei: ‘Mourinho não, vai ser o Pep’.” Em 8 de maio de 2008, menos de dois anos depois de receber o diploma de treinador, Guardiola foi nomeado técnico do time do qual fora capitão e símbolo por cerca de dez anos. Sua primeira medida foi impor o afastamento das três estrelas: Ronaldinho, Deco e Eto’o. Os dois primeiros aceitaram; o camaronês ganhou uma temporada de descanso. No primeiro treino, Pep se dirigiu aos jogadores: “Não vou prometer que vamos ganhar títulos. Vamos tentar. Mas apertem bem os cintos, porque vocês vão passar ótimos momentos.” Pep acabava de se tornar Guardiola. http://pablitoprofutsal.blogspot.com.br/

Princípio da Progressão Tática

Avaliações e analises da aplicabilidade tática A ideia central do tema é direcionar importância ao processo de progressão das táticas aplicadas no jogo. O tema não está intimamente ligado as evoluções táticas no treinamento, mas sua real aplicação no jogo. Existe sim uma ligação ao que se desenvolve nas sessões de treinamento, porém, a avaliação do que foi treinado e do que foi aplicado indica ou não, uma progressão. Desta maneira podemos dividir este princípio de progressão em três partes, assim nominadas neste conteúdo: • Avaliação pós-ciclo de treino; • Análise pré-jogo; • Análise pós-jogo. Avaliação pós-ciclo de treino – Destina-se a uma avaliação de todo o conteúdo de trabalho elaborado para a montagem tática, tais como:  Situações de jogo e sistemas;  Elaboração das variações táticas;  Estratégias emergenciais. Entre outras necessidades que possam garantir legitimidade ao trabalho. Desta maneira tudo que for elaborado neste ciclo pode e deve ser discutido entre todos os envolvidos, a fim de identificar as possibilidades de aplicá-las ou não no jogo. Mesmo que neste momento seja um tanto quanto subjetivo analisar. De comum acordo e estabelecido os critérios e ajustes, todos trabalham para o seu cumprimento, criando assim uma ralação de confiança no que foi proposto e estabelecido. Análise pré-Jogo – Relacionado ao estudo tático do adversário e aplicação da tática e estratégias estabelecidas.  Análise de riscos;  Definição dos sistemas (marcação e ataque);  Ações emergenciais (contenção/exposição). Outras situações também poderão ser relacionadas, mas o foco principal será elaborar planos táticos baseando-se nas características do adversário, diria, Plano Específico de Confronto. Neste processo é extremamente importante analisar fatores externos, estatística e ambiente do confronto.  Os fatores externos são as analises comparativas entre as duas equipes, pontuação, posição de classificação e custo da partida.  Fatores estatísticos relacionados ao aproveitamento técnico e outras variáveis de controle.  Fatores ambientais dizem respeito ao local do confronto, em que condições ele ocorre, expectativas emocionais que ele se desenvolverá etc... A união destes processos cria padrões de analises recomendáveis – PAR Tático. Tema central deste artigo chego ao ponto principal e que considero o mais relevante. Análise pós-jogo – Justifico os motivos pelo qual considero este o ponto relevante deste conteúdo, a análise pós-jogo garante evolução ao conjunto desenvolvido anteriormente. Com a desintegração dos princípios aqui elaborados, conseguimos monitorar e avaliar melhor as etapas do nosso trabalho, desta maneira os pontos passam a receber atenção na medida em que vamos vivenciando separadamente cada um deles. A análise pós-jogo retrata a forma com que os conteúdos táticos foram elaborados e aplicados, bem como, conseguimos de forma objetivo avaliar seus resultados. Lógico que necessitamos de bom senso para neste contexto analisar o resultado obtido. Tudo deve ser avaliado separadamente da seguinte forma:  O desenvolvimento do jogo;  O resultado do jogo;  O benefício ou prejuízo alcançado com o resultado. Em muitos casos vencer uma partida não significa que houve progressão tática. Assim como, perder uma partida também não significa que houve atraso ou que não obtivemos crescimento. Trabalhamos para vencer jogos, mais é importante não se desligar do trabalho realizado, pois em determinado momento será ele que garantirá sucesso nos momentos decisivos. Costumo dizer que existem equipes que “vencem jogos, mais não vencem competições”. Um resultado isolado é apenas um resultado isolado, um trabalho bem realizado é um caminho para o sucesso, Finalizando o tema, saliento ainda a importância de administrar bem os resultados que são obtidos, sem pânico nas derrotas e tão pouco euforia demasiada em vitórias. É importante entender que a progressão tática se constrói através de conceitos definidos e muita disciplina. Postado por Marquinhos Xavier

terça-feira, 17 de abril de 2012

Santos Futsal fevereiro 2012 sub 20



Extraído do blog kbcafutsal@blogspot.com

Sub-20 Santos F.C.

professor Rafael Kiyasu

O Desenvolvimento do Trabalho Técnico

Para o bom desenvolvimento técnico precisamos elaborar nosso trabalho com prioridade na melhora da capacidade de autonomia e decisões de nossos atletas, esse desenvolvimento pode garantir segurança e boas respostas, muitas delas não programadas, analises sistemáticas que garantam um bom percentual de controle de erros, pois como de conhecimento de todos, o Futsal possui exigências dinâmicas e apresenta elevado percentual de erros nas decisões.
Para desenvolver esta capacidade de decisões confiáveis e que conduzem a equipe e o atleta a obterem sucesso, um caminho deverá ser percorrido, o caminho ao incentivo, a criatividade e a inovação.
Através de trabalhos desenvolvidos diariamente é possível melhorar e muito o poder de decidir com a qualidade que se deseja.
Os trabalhos mecânicos limitam o potencial cognitivo do atleta e impede que ele responda de acordo com o problema apresentado, e torna-o previsível em suas ações, contrariando o propósito principal do jogo que é o de reagir as ações inesperadas, são elas que muitas vezes garantem sucesso ao resultado do jogo.
As decisões programadas formam um conjunto de ações que auxiliam na solução dos problemas cotidianos, mais eles precisam ter flexibilidade para as adaptações emergenciais e também um controle de índice erro/acerto para um monitoramento confiável e seguro.
O poder para reagir sob pressão e as mudanças frequentes no estado emocional de uma partida obriga o técnico a ler, interpretar e dar solução imediata as ações, quando ele desenvolve um padrão coletivo e incentiva seus atletas a auxiliá-lo neste processo ele ganha colaboradores efetivos e que lhe ajudarão monitorar todo o território de jogo, os movimentos estranhos e também o comportamento dos adversários.
Estes conjuntos de ações geram consistência no trabalho realizado, segurança para obtenção de resultados e em especial, equilíbrio emocional/técnico/tático.
Postado por Marquinhos Xavie

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Influência da ludicidade na aprendizagem esportiva – Metodologia das atividades jogadas

Qual é a melhor maneira de aprender algo? Ou melhor, como é que conseguimos aprender algumas coisas e outras não?

Esse processo pode ser compreendido a partir da motivação que o aluno/aprendiz possui no momento do ato pedagógico, influenciada por fatores como a atenção e a concentração na atividade a ser aprendida, que também estão envolvidas nesse processo. Mas, de maneira geral, um conceito pode ser capaz de conglomerar todas as capacidades que influenciam o processo de ensino-aprendizagem: o PRAZER em aprender.
O ser humano, acima de qualquer suspeita pode ser compreendido como um ser pensante, sonhador e planejador. Essa capacidade está atrelada à sua capacidade de ensaiar cognitivamente inúmeras situações cotidianas vivendo neste nível de consciência experiências que serão transferidas para sua vida através de suas atitudes. Esse planejamento consciente existe graças à habilidade humana de jogar consigo mesmo, “vivenciando” essas experiências antes mesmo de colocá-las em prática na vida real.
A essa capacidade chamamos ludicidade: a ascensão a essa capacidade humana torna o ato pedagógico mais prazeroso e significativo, tornando esse ato realmente capaz de educar. Trata-se, portanto, de um ciclo que se atingido pelo profissional e alunos envolvidos no ato educativo, torna esse momento criativo, estimulante e desafiador, ou seja, dotado de significado.
Mas como ascender à ludicidade em minhas aulas? Como estimulá-la? Eis o que deve estar sendo pensado por você nesse momento.


A forma mais comum de levar o ser humano a viver um ato lúdico é através de jogos, pois eles trabalham fundamentalmente as capacidades cognitivas estimulando a ludicidade do jogador, fazendo-o planejar uma ação, lembrar de situações vividas e fruídas em seu dia a dia.
Jogar significa viver um desafio, no qual o aluno terá que se esforçar ao máximo para que individualmente ou coletivamente – depende da natureza do jogo – ele seja capaz de atingir os objetivos daquele jogo.
Jogar, portanto, muito mais do que um ato, é também um momento educativo. O estímulo das capacidades cognitivas torna o aluno capaz de responder melhor as situações que o jogo lhe impõe, facilita a escolha de melhores soluções àqueles momentos.
Trata-se, no entanto, de uma estrutura de aulas na qual o aluno errará muito. Isso não significa que o erro deverá ser desprezado e será função do professor em mostrar a melhor solução àquela situação. Muito pelo contrário, através de uma interação com outros alunos e com o professor o aluno deverá ser guiado a perceber que há outras formar de proceder àquela situação do jogo, procurando significar novas formas de agir, tornando este mais um momento do processo pedagógico, pois o erro pode significar o desenvolvimento da criatividade e da intenção em arriscar situações ainda não vividas, mas criativamente criadas.
O estímulo à ludicidade é uma ferramenta capaz de transformar o ambiente de ensino-aprendizagem em um momento extremamente produtivo e criativo, estimulando a autonomia dos alunos para a interação com o jogo, transformando a aula em momentos que signifiquem algo positivo aos alunos e, portanto, capaz de educar.

www.futsalcomovocenuncaviu.blogspot.com.br

O atestado de óbito de ´´Matvéiv´´

Há algum tempo, vem-se falando que para se ter sucesso não só no esporte, mas como na vida é fundamental PLANEJAR.

Referindo ao planejamento nos esportes, esse planejar está intimamente ligado ao PERIODIZAR. Que como afirma Raposo (1989) nada mais é que dividir o treino em períodos particulares de tempo, com objetivos e conteúdos bem determinados. (mas não parece um conceito rígido demais?)

Pensando exatamente dessa forma, ´´Matvéiv´´ elaborou teorias de treinamento esportivo baseando-se em esportes individuais como o atletismo. E se tornou referência no que hoje dizemos PERIODIZAÇÂO CONVENCIONAL (o que sutilmente podemos dizer que é denominada assim por estar fora de uso, mas infelizmente não é o que vemos a nossa volta). O sucesso dessa teoria fez com que as mesmas ideias fossem transportadas para os esportes coletivos.

E por vários anos se transportou e ainda se transporta exatamente um macrociclo de atleta de natação para um de futsal.

Mas como isso é possível?????

Em várias equipes do mundo, nas mais diversas modalidade esportivas coletivas, vê-se times realizando períodos preparatórios, transições e picos de forma. Sendo que nesses períodos preparatórios realizam-se exercícios gerais e no período competitivo algo mais específico, na qual a principal dimensão analisada é o aspecto FÍSICO!

Não se pode ´´perder tempo´´ com as aspectos gerais, sendo que tudo o que se deve treinar deve ser ESPECÍFICO a forma como a equipe jogará!

Não se pode pensar em ´´picos de forma´´, com um calendário competitivo que exige resultados durante todo o ano (seja competições estaduais, nacionais, internacionais, etc)

Não se pode pensar em volume, sendo que o que pode trazer a vitória são as intensidades das ações realizadas

Não se pode continuar a pensar o JOGO, em toda sua complexidade, colocando atletas para saltar cones, driblar pratos e correr em volta do campo!!!!

Não se pode pensar em aquecimento, realizando mudanças de direções ´´ao vento´´, sendo que esse além de aquecer pode condicionar princípios

É difícil de acreditar mas, ainda em muitos casos o físico vem ditando toda forma de pensar o jogo coletivo, mesmo tendo-se a convicção que o jogo é essencialmente TÁTICO!!!!!!!

É necessário avisar ao ´´Matvéiv´´ ou aqueles que o idolatram que a ´´fila andou´´….

E que para jogar bem, é necessário uma nova Teoria dos Jogos Esportivos Coletivos, organizada e teorizada em função da ESPECIFICIDADE ao Modelo de jogo adotado. Para isso a componente principal é TÁTICA, e desde o primeiro dia ao último a preocupação é condicionar a equipe em função da forma de jogar estabelecida.

E que não se trabalha em função de ´´picos´´ e de sim de estabilizar um rendimento que sempre será em função do próximo jogo, e do próximo e por ai vai….

Castelo (1998) afirma que o se deve fazer desde o primeiro dia é treinar a organização do jogo da equipe, o implica que cada exercício de treino, desde o AQUECIMENTO até a RECUPERAÇÃO, deve servir para o organização do jogo COLETIVO.

Além disso, o tático não é físico, técnico , psicológico e nem estratégico, mas precisa dos quatro para se manifestar. E dividir o treino ou o ano em períodos é também dividir o tático, o que de certa forma é completamente OBSOLETO…

Portanto, adeus ´´Matvéiv´´….vá em Paz!

Extraído do blog www.trejatoriadabola.blogspot.com.br

quinta-feira, 5 de abril de 2012

TAÇA BRASIL DE SELEÇÕES (SUB-15) 2012


Na noite da última quarta-feira, dia 29, na praia de Cabo Branco, foi apresentada a Seleção Paraibana para a disputa do VIII Campeonato Brasileiro Correios de Futsal, Divisão Especial, categoria Sub 15 masculina, que será realizado no período de 23 a 29 de abril na cidade de Belém-PA. Estiveram presentes o presidente da FPFS, João Bosco Crispim, além dos integrantes da nova comissão técnica e 18 atletas convocados.

Quem esteve presente ouviu palavras de incentivo e compromisso de um trabalho de muita seriedade e profissionalismo por parte da dirigente Mayara Raquel. Enquanto Fábio Luiz, que esteve presente nas últimas Paraolimpíadas, falou um pouco de sua experiência com grupos de atletas.

- Faremos uma preparação visando a conquista do título. A Paraíba tem um grupo muito forte e não pode entrar em uma competição com outro pensamento que não seja vencê-la. Nossa comissão técnica já preparou um cronograma de treinamento, com a primeira parte direcionada para o condicionamento físico com treinos específicos na praia. Temos em mãos um grupo muito forte e montaremos um grande time também – afirmou o comandante.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Jogos Pedagógicos – Jogo de Pivô

Caros amigos, venho agora divulgar mais uma atividade pensada com o intuito da reslução de problemas do jogo que serão vivenciados em jogo.

É um jogo no qual a idéia do jogo do pivô (para quem é o “alvo-companheiro”) e da busca do pivô (para quem deve “encontrar” o “alvo-companheiro”) está presente, além da presença de elementos como a transição ofensiva-defensiva, organização tática ofensiva e defensiva, importância de realziar aproximação máxima ao alvo, etc..
A organização desse jogo pode ser obtida a partir de uma estrutura de 3×3+”alvos-companheiros”, sendo que um dos jogadores de cada equipe serão identificados por coletes.

Os jogadores com coletes são os únicos que podem entrar dentro da área exclusiva do “alvo-companheiro”, podendo atrapalhar que a bola chegue ao alvo, dificultando as possibilidades da bola chegar ao objetivo que é o “alvo-companheiro”.
Cada vez que o companheiro que está dentro da sua áera exclusiva receber a bola, marca-se um ponto para a equipe.

A organização de rodízio de coletes e de participação como “alvo-companheiro” pode ser obtida a partir de definição de um determinado tempo – a 5 minutos troca-se quem tem o colete e quem é o “alvo-companheiro”, por exemplo – ou por número de pontos conseguidos. O importante é que a atividade flua, sem que fique sendo parada constantemente para a troca de funções específicos da atividade.



Figura 1 – Estrutura básica da atividade

Deve-se verificar quais vão ser as opções de composição ofensiva das equipes, se o jogador com colete atuará ofensivamente ou preferirá garantir a marcação do “pivô” adversário.

Existe nesse tipo de atividade uma complexidade de decisão muito presente, pois existe com certeza uma vantagem em atacar com 1 jogador a mais, porém o jogador de colete também será mais exigido nas trasições ataque-defesa.
Deve ser obervado, também como coletivamente os outros jogadores atuam auxiliando o jogador de colete nessa sua transição, por exemplo, realizando uma marcação pressão sobre o jogador com bola, impedindo a idéia do “contra-ataque” existente nessa situação.

O jogador designado como “alvo-companheiro” terá a oportunidade de vivenciar ações de desmarque em espaços reduzidos, podendo inclusive ja surgir idéia de giros, ganho de espaços a partir de um “jogo de pernas” com o marcador, bem como o jogador de colete vivenciará a situação de marcar “corpo a corpo” este jogador, observando situações de marcação “pela frente” e “por trás” desse jogador-alvo.
Trata-se de uma atividade rica de possibilidades pedagógicas e que pode por sua vez ser organizada com muitas variações.

Fica aí mais uma atividade.

Postado por vagner cardoso
http://futsalcomovocenuncaviu.blogspot.com

terça-feira, 13 de março de 2012

Utilização do Treinamento para memorização das habilidades motoras

Muito mais do que mesclar volume e intensidade, o treinamento propõe outras variáveis importantes, tais como: mecanização de movimentos, repetição de gestos específicos, ajustes e substituição de movimentos, aprimoramento técnico, entre outros.

É necessário entender que o treinamento esta intimamente ligado a repetição desses movimentos, e por sua vez, ao condicionamento de gestos motores e sensoriais.

Não basta apenas treinar por varias horas, é importante executar estes movimentos de forma correta, criando assim um padrão de movimento e gesto eficiente.

Praticar um movimento ou gesto especifico por varias vezes (repetição) poderá torná-lo memorizado, ou seja, criar um padrão de movimento.

Para Fox estes padrões são chamados de “engramas motores” segundo ele “um engrama é um traço permanente deixado por um estimulo no protoplasma tecidual” diz também que, “este movimento ou gesto depois de memorizado ficara armazenado, e sempre que o individuo desejar realizar, essa determinada habilidade motora particular será “reinterpretada” (replay), reproduzida conforme armazenada”.

Pois bem, com isso a palavra treinamento ganha importância ainda maior, pois não basta apenas treinar, mais realizar o treinamento de forma adequada, a fim de obter padrões de movimentos corretos.

É comum escutarmos todos os dias atletas e treinadores justificando resultados com as seguintes palavras “estamos trabalhando muito, mais não estamos conseguindo os resultados”, pois bem, talvez essa seja uma das explicações, pois muito mais importante do que treinar horas e horas, e treinar de forma eficiente.

Uma finalização a gol, por exemplo, pode ser treinada de forma desajustada, levando o atleta a ser perfeito em sua imperfeição, quem nunca viu aquele atleta treinar finalizações a gol sem o mínimo de concentração e preocupação com os movimentos corretos? É normal vermos todos os dias o atleta muito mais preocupado com a força em que vai finalizar e com a potência do seu chute, do que com a direção que a bola ira percorrer. Por esse motivo acerta sempre o mesmo lugar, mais fora do alvo (gol), ele adquiriu um padrão motor (engrama) incorreto e sempre que acionar este padrão ira realizá-lo incorretamente tal como armazenado em seu cérebro.

Quando isso ocorre, existe a necessidade de um “realinhamento”, ou seja, uma substituição do padrão anterior, este realinhamento se transformara em uma memória motora para essa habilidade especial.

Esse realinhamento (correção) poderá ser acionado com um estimulo apropriado e utilizado imediatamente sempre que necessário.

Para ilustrar esta teoria vamos imaginar agora que em nosso cérebro existissem varias gavetas, como aqueles velhos arquivos de escritórios, e em cada um deles existissem uma tarefa armazenada.

Sempre que enviamos uma mensagem ao nosso cérebro solicitando determinada função, ele ira recorrer ao seu arquivo, e lá encontrara (ou não) a função desejada.

Se este movimento estiver arquivado de forma correta, a probabilidade de acerto é garantida, já ao contrario será reproduzida sem êxito.

É importante saber que esse mecanismo funciona da seguinte forma: “os proprioceptores envolvidos na tarefa enviam uma mensagem ao SNC (sistema nervoso central). Então o “engrama” estocado é utilizado como modelo”.

Estes “engramas” uma vez aprendidos e armazenados poderão ser utilizados sempre que necessários.

Segundo Fox “Se e quando ocorrem desvio em relação ao engrama armazenado uma correção é feita graças à liberação de sinais motores adicionais pelo córtex motor, de acordo com o que é lhe comunicado pelo cerebelo”.

O que nos remete a entender que podemos fazer pequenos ajustes nesses padrões, que garantam a eficiência da tarefa proposta.

E como conclusão final deste artigo é importante analisar o treinamento como um trabalho constante de correção, um movimento ou gesto uma vez aprendido de forma correta poderá garantir o sucesso de sua equipe em uma partida.

Prof. Esp. Marquinhos Xavier

O assunto é interessante e complexo, para saber mais consulte a bibliografia:



The Physiological Basis of Physical Educattion and Athletics

“Bases Fisiológicas da Educação Física e dos Desportos”

Edward L. Fox, Richard W. Bowers e Merle L. Foss

Editora Guanabara Koogan S.A / Rio de Janeiro-RJ