TAÇA BRASIL SUB-15/2011

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MUITO OBRIGADO OBRIGADO A TODOS!!!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

NÃO É FÁCIL SER TREINADOR

Nos dias de hoje, não é fácil ser treinador. Exige saber estar e conseguir aglutinar ao seu redor um
significativo número de especialistas, Fig. 1. 


 




Conforme se pode verificar na Fig. 1, desde a equipa técnica que o apoia mais directamente, aos
dirigentes que administrativamente enquadram a sua acção, o treinador requer saber estender a sua
área de influência muito para além das técnicas e das tácticas. Especialistas vários, adeptos, órgãos de
comunicação, patrocinadores, etc. Todos a solicitarem ao treinador atenção e preocupação para com
as suas tarefas e responsabilidades. Retornos de informação que melhor os elucidem acerca da
importância dos seus contributos.

A imagem pública do que é ser treinador, não está, de facto, na correspondência da importância do
seu desempenho sócio desportivo.

Por questões de índole cultural, (secundarização de tudo o que diga respeito ao corpo e ao movimento,com inerente sobrevalorização do espírito e do intelectual), nem sempre os treinadores têm conseguido obstar a que a sociedade os dimensione como cidadãos de "segunda categoria".

No entanto as conclusões de estudos diversos e a observação da própria realidade desportiva nos dias
de hoje, demonstram cabalmente que, ao contrário dessa tese pouco abonatória da pessoa e do
profissional treinador, as características pessoais dos treinadores não diferem da dos professores, dos
homens de negócios, etc. e a sua actuação profissional não tem a ver com aspectos pessoais, mas sim
com o enquadramento sócio desportivo em que decorre a sua actividade.

O nosso desempenho profissional, apresenta de facto, relativamente às restantes profissões, uma
enorme diferença, expressa pela constante exposição pública, pelas exigências permanentes de
resultados positivos, pelo carácter imprevisível da competição desportiva e os as difíceis interacções
relacionais com atletas, árbitros, jornalistas, dirigentes, etc.

Os dirigentes esperam de nós resultados. Os atletas pedem-nos compreensão para as suas
necessidades de afirmação. Os jornalistas exigem-nos atenção e disponibilidade permanente. Os
adeptos pretendem ser ouvidos e adulam ou antagonizam o nosso trabalho ao sabor das vitórias ou
derrotas. Os patrocinadores não resistem a associar o poder do seu dinheiro à possibilidade de
mandarem em tudo e em todos. Numa diversificada pressão que acaba, quase sempre, por influenciar
de modo marcante a nossa acção.

É por isso que ser treinador, exige conhecimentos e requer experiências que ultrapassam as aquisições de uma carreira de atleta.

Um excelente atleta, nem sempre terá a garantia de possuir capacidade para ensinar e, muito menos,
a de ser capaz de criar climas de trabalho próprios para a aprendizagem ou o treino.
A experiência do atleta, é importante, mas, para ser treinador, para além da lógica do jogo e dos seus
elementos, torna-se fundamental que domine a lógica pedagógica do seu ensino.

A função de treinador implica a tomada de decisões, organizadas com base em indicadores e segundo
critérios que obedecem a uma certa ordem e em diferentes domínios. Organização do treino,
liderança, estilo e formas de comunicação com os jogadores, dirigentes, árbitros, jornalistas, etc.,
opções estratégicas e tácticas decorrentes da observação e análise do jogo, gestão das pressões
contidas na competição, controle da capacidade de concentração e emoções, etc.

Para além dos imprescindíveis conhecimentos técnico tácticos e da possível capacidade de demonstrar correctamente as técnicas, ser treinador exige um conhecimento multidisciplinar e o desenvolvimento de um conjunto de habilidades próprias no âmbito das competências de ensino.
Mesmo quando a qualidade do candidato a treinador, revelam uma informação e formação acima da
média, ele tem de ser capaz de provocar, através da sua acção, o interesse e motivação dos que
aprendem e treinam, pois não há progresso nem êxitos possíveis sem a participação motivada dos
atletas.

 A profissão de treinador, tem de ser exercida de modo estimulante para a autonomia futura dos
atletas sob a sua responsabilidade, acreditando nas capacidades daqueles que fazem parte do seu
grupo de trabalho e devolvendo-lhes competências.

Cada treinador, deve actuar de acordo com as suas características e limitações, sem nunca esquecer a
responsabilidade que lhe está atribuída quanto à formação social e emocional dos atletas com quem
trabalha e à melhoria gradual destes, no âmbito dos conhecimentos relativos à modalidade a que se
dedicam.

Os resultados provenientes da intervenção do treinador, têm profundos reflexos sociais pela influência educativa, (ou deseducativa!), que exercem nos jovens e nos adultos, quer sejam praticantes ou adeptos.

Logicamente, não existem treinadores ideias, tipo super-homem de banda desenhada, "que sabe tudo"
e "nada o perturba", "homem sem defeitos" e comportamentos sociais e desportivos sempre
irrepreensivelmente modelares. Tais modelos não passam de produtos imaginários, criados e
alimentados por enquadramentos sócio desportivos alienatórios da realidade.

O treinador ideal, nem mesmo no domínio da utopia poderá ser descrito, não existindo um perfil único de treinador mas sim uma série infindável deles, consoante as circunstancias e suas respectivas
necessidades de intervenção.

Várias foram, até á data, as investigações cujas conclusões comprovaram que o treinador é um ser humano sujeito aos problemas e dificuldades de qualquer cidadão.

Ao treinador dos dias de hoje, exige-se-lhe um desempenho, onde, mais do que actuar de modo
autoritário, ele veja a sua autoridade reconhecida, conhecendo-se a si próprio e às necessidades de
realização, auto estima e segurança social que, como qualquer outro cidadão, norteiam a sua
actividade.

Desenvolvendo a sua acção com o objectivo natural de ter sucesso, (realização), "gostando de si
próprio", (auto estima), necessitando, para isso, de pertencer a um grupo profissional socialmente
dignificado.

 Ao Treinador é exigido ser capaz de inspirar CONFIANÇA.

O que é que isso significa?

Saber ser COMPETENTE, (saber da modalidade, claro!), mas também e acima de tudo entender a
importância da área comportamental. Temos de ser verdadeiros especialistas na arte de observar (de
modo selectivo) as reacções comportamentais dos jogadores. As suas atitudes e comportamentos ao
serviço da equipa. E, acima de tudo, termos a percepção que não os podemos enganar.
HONESTO nas palavras, (não mentir!), COERENTE nas acções, (WALK THE TALK), PREOCUPADO COM OS OUTROS. Só somos de facto treinadores quando nos desprendemos do nosso ego, nos libertamos do nosso umbigo.

Ser um BOM TREINADOR, não é a questão central que deve preocupar o treinador. Mas sim que os
jogadores com quem trabalha sejam bons e as equipas que treina, ganhem.

Enquanto pensarmos mais em nós e nos nossos interesse e afirmação pessoal, que nos jogadores, não
somos tão bons treinadores assim.Melhorar as competências dos jogadores é a nossa grande
responsabilidade e esse deve ser o nosso objectivo principal. Respeitando as diferenças entre o
significado de ganhar no Alto Rendimento desportivo ou no processo de formação de jogadores.

Que Modelo de Jogador devem os treinadores buscar?

Não basta que sejam excelentes atletas de um ponto de vista físico e atlético. Necessitam revelar
capacidades de persistência, serem resistentes à frustração, à dor, ao erro, à fadiga, etc. Ambiciosos e
com sentido de carreira, saberem onde querem chegar, quais os objectivos que perseguem.

 Tal como aliás o definiu John Wooden em devido tempo.

Altos? A que ALTURA (ambição) PRETENDEM JOGAR!

Fortes? Com que AGRESSIVIDADE MENTAL são capazes de treinar e jogar!

Rápidos? Com que rapidez de TOMAM DECISÕES e conseguem “ler o jogo” e antecipar as respostas necessárias.

O treinador tem de ser UM COMUNICADOR.

Possuir empatia quanto baste para conseguir através do seu processo de comunicação com os outros,
motivá-los, conduzi-los a uma superação constante.
Mais importante que aquilo que sabemos, é o que somos capazes de ensinar através da comunicação
que estabelecemos com aqueles com quem trabalhamos.
Sem nunca esquecer as palavras sábias de Harvey Thomas, especialista de comunicação. “Se tu
disseste e eles não te ouviram, foi porque tu não disseste”. É preciso garantir a compreensão daquilo
que se diz. Saber ouvir. Utilizar mesmo por vezes o silêncio como forma de comunicar.

“Se a palavra que vais dizer não é mais bela que o silêncio, não a digas” parábola oriental. A psico
linguística do silêncio é tão rica como a da linguagem. Em todos os momentos que envolvem
comunicação, a infinita variedade de silêncios revela-se plena de sentido.

O silêncio é de ouro, porque é verdadeira força activa.

Tal como a comunicação via linguagem corporal.

Deve o treinador tratar todos por igual?

“Fair, but not equal” dizem a esse propósito alguns treinadores norte americanos. Tratar todos com justiça, mas nunca todos por igual. E a razão é simples. Como tratar todos por igual, se uns se empenham e servem a equipa, são cumpridores das regras colectivas e se preocupam com os companheiros e outros não?

Tem que haver uma distinção e um reconhecimento daqueles que mais o merecem, comparativamente
aos que procuram sistematicamente sobrepor os seus interesses individuais aos colectivos.
Autoridade reconhecida mais que imposta.
Disciplina assumida por parte dos jogadores, apelar à sua participação e responsabilização. Envolver
os jogadores com os objectivos colectivos, compatibilizar as naturais ambições e expectativas
individuais de cada um, com o interesse colectivo.

Incentivar a criatividade, lutar contra o medo de errar

Cumpre ao treinador incentivar a criatividade dos jogadores, dar-lhes espaço para errarem e
reflectirem sobre os erros que cometem. Melhorar as suas competências por via de um aprender a
fazer, fazendo. Nunca esquecendo que ser criativo não pode representar perda de eficácia, ou
desrespeito pelos princípios e regras que devem nortear a vida colectiva das equipas.
Criatividade é acima de tudo ser capaz de inovar, mantendo a eficácia necessária para que hajam resultados e o rendimento esperado.


Fonte: www.planetabasket.pt
Jorge Araujo


sexta-feira, 6 de julho de 2012


A velha questão: cobrança x formação.



Se envolva na formação de uma criança e terá uma responsabilidade muito maior que conquistas, salários e/ou cobranças. Não é direito nosso interferir no ''brincar'' de um jovem atleta. É nosso dever mostrar o melhor caminho para o amadurecimento das suas capacidades técnicas e psicológicas. Não nos é de direito (e isso muitos não entendem) agredir verbalmente uma criança que muitas vezes nem sabe por quê está dentro do ''campo de guerra'', bem como também não nos é de direito vetar as ''pedaladas'', ''os chapéus'' e todo o resto do repertório que eles veem na TV. É nosso dever controlar o ego, apontar o certo e o errado, fazê-lo entender sua importância no trabalho em equipe e, consequentemente, em um esquema tático (que não deve retrair liberdade e a complexidade dos mais criativos). É nosso dever mostrar que a cobrança que se tem por um título não está na frente da cobrança que se tem por um bom aprendizado escolar, por palavras educadas e por gentilezas. Mas nunca, nunca mesmo, ignorar e abdicar da criação de um instinto vencedor e ''guerreiro'', afinal, assim como não nos esperaram, não os esperarão para o primeiro vestibular, as finais, as decisões da vida.
Aquele jovem que recebe mais que eu, que você, e que toda sua família junta, não tem culpa das etapas da vida que estará pulando, esteja ao seu lado.
Formem, eduquem, vençam.

Extraído do blog Futsal Global.